Marceneiros & Bricoleiros

Pessoal,

Um assunto que sempre nos deixa dúvidas é o conceito de ferramentas HOBBY, PROFISSIONAL e INDUSTRIAL. Esse artigo eu publiquei no meu blog, mas como acho importante, resolvi postar aqui também.

Muitas vezes queimamos uma máquina porque ela foi utilizada de maneira errada, não por culpa nossa, mas por absoluta falta de informação nos catálogos e manuais. Uma coisa que não é bem difundida é o CICLO DE TRABALHO para o qual a máquina foi concebida. Toda máquina, até mesmo as industriais, têm um ciclo de trabalho, que é a proporção entre o tempo em que a máquina fica trabalhando e o tempo que ela deve ficar parada "descansando". Até hoje eu só vi essa informação divulgada nas inversoras de solda.

Quando o ciclo de trabalho não é respeitado e o tempo de funcionamento da máquina é excedido há danos ao equipamento: aquecimento é o principal sintoma de que estamos exigindo da máquina além daquilo para o qual ela foi projetada. O calor excessivo vai danificando o verniz isolante da fiação do motor que acaba queimando.

O desrespeito ao ciclo de trabalho acaba por reduzir a vida útil da máquina.


LINHA HOBBY

A máquinas dessa linha são destinadas ao uso doméstico e hobistas iniciantes. São de concepção mais simples feitas para serem usadas eventualmente e em serviços leves.

O ciclo de trabalho de uma ferramenta HOBBY é de 10 a 15 minutos de trabalho contínuo para 30 minutos de descanso. São dimensionadas para 3 ciclos de trabalho por dia.

Eu (e isso é uma opinião minha) tenho algumas restrições a esse conceito de LINHA HOBBY, pois no dia que o hobista está usando a ferramenta ele a usa como um profissional, pois passa o dia todo na oficina. É aí que a máquina não aguenta e acaba queimando. Por isso eu tomo muito cuidado com qual tipo de máquina eu posso comprar da linha hobby.


LINHA PROFISSIONAL

Máquinas da linha profissional, como o nome diz, são destinadas a profissionais que vão utilizar bastante a máquina. Os produtos dessa linha são mais robustos que os da linha hobby e normalmente possuem mais inovações tecnológicas. São destinadas a serviços mais pesados.

O ciclo de trabalho das ferramentas PROFISSIONAIS é de 30 minutos de trabalho ininterrupto com 30 minutos de descanso. São admitidos no máximo 6 ciclos de trabalhos por dia.


LINHA INDUSTRIAL

São máquinas destinadas ao uso mais intenso e trabalhos extra-pesados. Normalmente são máquinas mais potentes.

As ferramentas da linha INDUSTRIAL são dimensionadas para uso contínuo de 45 minutos com 30 minutos de intervalo, admitindo no máximo 9 ciclos de trabalho por dia.


MEU CONSELHO:

Antes de comprar a sua máquina pense bem no uso que fará dela e escolha uma máquina da linha correta. Eu procuro dar preferência às linhas INDUSTRIAL e PROFISSIONAL, embora possua algumas ferramentas da linha hobby.

Gasta-se um pouco mais, mas se bem cuidada a ferramenta dura o resto da vida! Compra-se uma vez só.

Meu amigo Marcos costuma dizer: "Comprou baratinho, levou porcaria... vai ter que comprar de novo!"

Obrigado Paulo pelos esclarecimentos. Tá ai uma coisa que eu não sabia a respeito dos ciclos de trabalho para cada linha.
Respeitando esses ciclos com certeza vai ter máquina para a vida toda.

FERNANDOSP escreveu:Obrigado Paulo pelos esclarecimentos. Tá ai uma coisa que eu não sabia a respeito dos ciclos de trabalho para cada linha.
Respeitando esses ciclos com certeza vai ter máquina para a vida toda.

Pois é Fernando.

Eu tinha esse conceito intuitivamente (acho que todos nós temos), mas quantitativamente foi a primeira vez que encontrei....

É por isso que aquela furadeira de R$ 39,99 comprada no supermercado na GRANDE PROMOÇÃO DO DIA DOS PAIS não vai aguentar um dia de trabalho nas nossas oficinas. A gente sente isso só de ligar e escutar o barulho.

Meu irmão queimou uma furadeira dessas batendo tinta!!! Nem força ela estava fazendo.

Legal PC! Também não conhecia esse negócio dos ciclos. Ótima postagem

Ótimo conceito, obrigada

Lauro escreveu:Legal PC! Também não conhecia esse negócio dos ciclos. Ótima postagem

Lauro,

Conhecia sim.... Isso é comum nas especificaçōes das máquinas de solda!

PC, maquina de solda na industria é feita para trabalhar a 100%, a industria não vai parar para a maquina esfriar ou ter uma segunda maquina pra fazer o trabalho de uma. Eu tenho uma Bambozzi 250A com núcleo móvel ,ha uns 30 anos,ela foi feita para trabalhar a 20%, eu melhorei o sistema de refrigeração e cheguei a usar a mais de 50%

Eu procuro estar comprando ferramentas profissionais, pois para o uso hobby dura muito tempo, mas também tenho muita ferramenta hobby aqui na oficina.

Temos muitos novatos e experientes no fórum que não viram este post.

Vale à pena sempre dar uma consultada.

Abraço.

Muito bom o tópico PC!

Tenho muita dúvida quando falam que a ferramenta é rolamentada, no caso toda ferramenta profissional é rolamentada?

Ocorre o perigo de uma marca dizer que é profissional e não ser?

Agradeço desde já!

pablof escreveu:Muito bom o tópico PC!

Tenho muita dúvida quando falam que a ferramenta é rolamentada, no caso toda ferramenta profissional é rolamentada?

Ocorre o perigo de uma marca dizer que é profissional e não ser?

Agradeço desde já!

Pablo,

Toda ferramenta profissional é rolamentada. Se ela for embuchada não aguenta, pois as buchas se desgastam provocando folgas e dinalmente a quebra. Não vale nem a pena consertar. Hoje em dia mesmo as ferramentas da linha hobby de boas marcas possuem rolamentos.

Quanto a dizer que é profissional, cada fabricante escreve o que quiser na caixa. Não,paga mais imposto por causa disso. Para fazer uma boa compra eu sempre sugiro comprar ferramentas de marcas consagradas. Normalmente as grandes empresas possuem uma marca para a linha hobby e outra para a profissional, ou linhas de produtos diferentes na mesma marca. Por exemplo: a Bosh (ferramentas profissionais e industriais) é dona da marca Skil (linha hobby). A Black&Decker (linha hobby) é dona da DeWalt (lferramentas industriais e profissionais). Em 2009 ela se fundiu à Stanley e aqui no Brasil estão reposicionando as marcas, sendo que uma parte das ferramentas elétricas que eram da Black&Decker agora são amarelas e saem com a marca Stanley.

Há casos como a Einhell que possui duas linhas: a vermelha (linha profissional) e a azul (linha hobby) e Makita, que possui a linha azul (ferramentas industriais) e a linha MT, uma linha de ferramentas profissionais (eu considero hobby - uma boa linha hobby).

Como todos aqui no fórum, tenho ferramenta de todas as linhas, mas dou preferência à linha industrial. São máquinas para a vida toda.

Comprei recentemente uma serra circular de bancada linha hobby. No primeiro corte levei um baita susto: a danada deu um "coice", devolveu a madeira cortada prá trás, tirou um fino na minha orelha e se alojou numa prateleira lá longe.
Depois dos conselhos dos companheiros deste fórum, incluindo o PC, troquei-a por outra, desta vez uma Bosch GTS 10 XC Profissional. Que diferença: paralelismo perfeito, corte em angulo preciso e segurança confiável.
Aceitem os conselhos acima, vêm de quem entende do assunto.

Mauricio,

O problema do coice provavelmente foi provocado por uma operação inadequada e não pelo fato da sua serra antiga ser da linha hobby. Mesmo as máquinas da linha hobby dispõem de dispositivos de segurança básicos para evitar o coice (kickback).

A diferença entre elas você percebeu na qualidade do corte e, mais tarde, com a durabilidade e baixa manutenção.

Essas serras de bancada, mesmo as melhores, não são as mais indicadas para trabalhos de marcenaria. Nos Estados Unidos elas são chamadas de "Contractor Saw" ou, em português, "Serra de Empreiteiro". Elas se destinam a trabalhos de carpintaria, onde a precisão requerida é bem menor. São pequenas e fáceis de se levar para a obra. Para trabalhos de marcenaria eles usam as Cabinet Saw, serras maiores e pesadas (150 - 160 kg), com mesa maior de ferro fundido e com motor de indução (a grande maioria das serras de bancada utilizam motor universal).

Aqui no Brasil as Cabinet Saw não são tão comuns como nos Estados Unidos. Atualmente acho que o único modelo existente no mercado é a Razi Colt. Nos Estados Unidos há algumas dezenas de marcas e modelos disponíveis.

engraçado, eu abordei essa temática hoje, sem ter visto esse tópico que foi ressuscitado recentemente.
Acho que aqui explico um pouco da temática: http://www.oficina44.com.br/qual-marca-devo-escolher

Essa é uma classificação dada pelos próprios fabricantes, então, um ou outro pode tornar um aspecto como mais ou menos relevante na hora de definir a classificação de seu produto. Eu pessoalmente considerava o ciclo de trabalho o como fator distintivo, até me deparar com o "conceito" de uma grande marca que levava em conta o tempo de vida útil do produto...

Quero frisar que embora, por vezes umbilicalmente interligados, o fato de ser industrial e/ou profissional não está, a priori, relacionado com a qualidade da precisão da máquina...

Caro pablof, acredito que alguns produtos se dizem profissionais, sem conduto possuírem certos requisitos que permitiriam a maior longevidade e potência dele.

Só para você ter um exemplo que eu tava debatendo recentemente: eu não consigo conceber uma tupia de coluna com redução de velocidade diretamente no eixo... Isso porque, ao reduzir a velocidade, implicará, diante da falta do sistema de engrenagens, na redução da potência, o que leva a um esforço maior da máquina, consequentemente diminuindo o ciclo de trabalho (naquela rotação inferior) e também a vida útil dela... E eu não conheço nenhuma tupia de coluna industrial/profissional vendida no Brasil com sistema de engrenagens para redução da velocidade*...


p.s.: eu tenho plena consciência que para isso ocorresse, a máquina conseguiria (ou teria) que rodar na velocidade máxima a uns 50.000 r.p.m (o que seria impedido no sistema de seleção de velocidade

eu não podia deixar de falar essa (eu até tentei):
tem uma empresa de máquinas ind/prof que concebeu uma serra de bancada com preço altíssimo, concorrendo na msma faixa de preço com outros modelos de marcas industriais/profissionais...
mas o produto recebe tantas críticas (até a nível internacional) que ouvi dizer que eles disseram que é uma máquina Hobby...
esse é o problema de querer concorrer com preços competitivos... de levar sua produção para China etc... era tão bem falada a marca quando só produzia no seu país de origem

PC, concordo com sua observação, no entanto, minha ex-serra tinha problemas de construção. Felizmente a empresa, reconheceu isso e substitui-a por outra mais confiável, no caso um produto profissional, e, sem ônus.

As máquinas industriais e as que se utilizam nos EEUU são, evidentemente, as melhores opções, mas, acredito que, os hobbystas de fim-de-semana nos quais me incluo, não desejam montar oficina industrial ou profissional disponibilizando largos recursos financeiros. A arte quando é bem conduzida nem máquinas utiliza, é tudo à unha.

As máquinas destinadas a hobby não são 100% confiáveis - isso é padrão no Brasil - e quase sempre são oferecidas com a seguinte observação pelo vendedor: "Porque você não leva uma profissional, é melhor e mais segura".

Não são todos os produtos para hobby que se encaixam nesta observação, eu me refiro apenas às que podem trazer risco à sua integridade física, aliás, as profissionais também têm os seus percalços.
Abraços.
Mauricio.

Reparo necessário: segue foto de duas máquinas compradas ha mais de 26 anos: uma Tico-Tico e uma Furadeira, ambas para hobby da Black & Decker.

A Tico-Tico foi e continua sendo muito utilizada a ponto de suas serras, de tanto encostarem na base metálica, gastou-a como se vê na foto. A furadeira tem um dispositivo plástico para ser adaptado a uma morsa para funcionar com um pequeno esmeril em trabalho... Contínuo! Coisa rara.

Estas máquinas nunca foram a conserto e são ainda bastante utilizadas.

Pronto... Fez-se justiça.

Abraços.
Mauricio.

MPFerreira escreveu:Reparo necessário: segue foto de duas máquinas compradas ha mais de 26 anos: uma Tico-Tico e uma Furadeira, ambas para hobby da Black & Decker.

A Tico-Tico foi e continua sendo muito utilizada a ponto de suas serras, de tanto encostarem na base metálica, gastou-a como se vê na foto. A furadeira tem um dispositivo plástico para ser adaptado a uma morsa para funcionar com um pequeno esmeril em trabalho... Contínuo! Coisa rara.

Estas máquinas nunca foram a conserto e são ainda bastante utilizadas.

Pronto... Fez-se justiça.

Abraços.
Mauricio.

Caramba...

Muito bom, além de ser raridades!