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Quem fez a Historia *Gurgel*

Enviado: Sáb Jul 20, 2019 12:22 pm
por Edu
Gurgel: o engenheiro que virou carro

Sonhador, visionário, patriota, empreendedor e inovador, Gurgel estendia para os projetos sua visão de mundo.
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Em janeiro de 2009, falecia o engenheiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, aos 83 anos, depois de mais de uma década prostrado pelo mal de Alzheimer.

Gurgel foi o último, pioneiro de uma indústria automobilística de raízes brasileiras. Tão sonhador quanto empreendedor, era personalista, carismático, polêmico e visionário.

Construiu o único automóvel 100% nacional, o BR-800, que depois evoluiu para o Supermini. Bem antes da atual moda dos carros com decoração off-road, fez sucesso construindo jipes de fibra de vidro com tração traseira e mecânica VW.

Não vou falar muito sobre este Homem, o vídeo a seguir é completo e conta toda a trajetória de um homem, que confiou no governo (no vídeo está bem explicado).



https://www.youtube.com/watch?v=DJr2wn2VAHQ

Re: Quem fez a Historia *Gurgel*

Enviado: Sáb Jul 20, 2019 8:12 pm
por PC64
Admiro muito esse homem: UM BRASILEIRO DE FIBRA (tenho esse livro que conta a sua história e como foi sacaneado por quem deveria dar o maior apoio).

Ele foi vítima do nosso sistema podre: deixaram ele brincar, mas quando começou a incomodar os poderosos deram-lhe um tiro pelas costas.

Eu me lembro dos carros que ele fabricava. Faziam sucesso porque eram adaptados à realidade brasileira. O Gurgel era um gênio. Muito criativo ele tinha soluções extremamente simples e baratas. Uma delas, por exemplo, era ao invés de instalar bloqueio no diferencial para bloquear a roda que estivesse patinando ele simplesmente instalou alavancas que permitiam acionar o freio de mão em cada roda separadamente. Os jipinhos tinham 3 alavancas de freio: uma grande, que atuava nas 2 rodas e 2 alavancas pequenas, uma para cada roda. Simples e barato.

Em matéria de logística ele também era campeão. Como tinha que vender carros no nordeste ele bolou um sistema de produzir partes em Rio Claro (SP) e partes em Fortaleza (CE). Assim ao invés de levar os carros montados, que ocupavam muito espaço ele levaria partes desmontadas, ocupando melhor os caminhões. Chegando no Ceará o caminhão, ao invés de voltar vazio, traria as peças fabricadas lá para serem colocadas nos carros em São Paulo. Esse projeto teve sua pedra fundamental lançada, mas nunca saiu do papel.

Há trinta anos atrás o homem já previa carros urbanos (hoje temos o Smart), carros elétricos (o dele só não teve sucesso devido à tecnologia das baterias, que na época eram muito grande, pesadas e demoravam para carregar) e a instalação da indústria automobilística no Nordeste.

É uma pena que os interesses externos tenham aniquilado a sua iniciativa. Hoje, a exemplo do ocorrido com a Embraer, teríamos também uma indústria automobilística nacional. Nunca seremos um país de primeiro mundo se interesses pessoais forem colocados acima dos interesses nacionais.

Após a falência a marca Gurgel foi vendida por R$ 800. Hoje ela é a Gurgel Ferramentas, dona da Loja do Mecânico.